Após a morte trágica de Campos a eleição presidencial muda o rumo, aponta vitória de Marina Silva e o PT então parte para o ataque.
Se o 1º turno das eleições tivesse acontecido há três semanas, era certa a disputa clássica entre o PT e PSDB para ter o seu candidato na cadeira mais importante da República, mas com tantas mudanças nesse período é capaz dos tucanos ficarem pela primeira vez de fora e o pleito tem grande chance de ser decidido entre duas mulheres.
É claro que a possibilidade do PT perder a hegemonia da esquerda modificou inclusive a estratégia de Dilma Rousseff (PT) ao direcionar os ataques que eram para o tucano Aécio Neves (PSDB) em Marina Silva (PSB) - intensificados depois que as pesquisas apontaram crescimento expressivo da ambientalista.
Marina é uma das figuras mais importantes para a história do Partido dos Trabalhadores, onde participou da sua construção durante os anos 80 enquanto integrava o grupo revolucionário comandado por José Genoíno. Deixou a sigla após desentendimentos com Dilma na ocasião em que ambas eram ministras de Lula nos anos 2000.
Na tentativa de se alinhar à causa ambiental se filiou ao Partido Verde e após novas divergências decidiu emplacar - sem sucesso - a própria legenda. Posteriormente, ao não conseguir as assinaturas determinadas pelo Tribunal Superior Eleitoral para validar a Rede Sustentabilidade, Marina Silva renunciou ao protagonismo da chapa, aceitando concorrer como vice-presidente pelo Partido Socialista Brasileiro (PSB) de Eduardo Campos.
A ideia desta aliança era derrubar o PT construindo para a eleição em 2014 uma terceira via de centro que ficaria conhecida como nova política ao deixar para trás extremismos ideológicos pelo pragmatismo. Com a morte de Campos, Silva segue no plano e conta com o apoio da família e caciques do PSB.
Durante o debate - primeiro com Marina encabeçando a chapa - realizado pelo UOL, a Folha de S. Paulo e SBT, os candidatos miraram alvo na ambientalista. Questões sensíveis ao eleitorado evangélico como apoio à união civil homoafetiva assim como para o mercado o apoio a autonomia do Bacen foram escrutinados contra Marina.
O plano dos petistas para tirar a ex-aliada do caminho é persuadir o eleitorado progressista com a narrativa de que a candidatura do PSB está mancomunada com os ricos em detrimento dos pobres. Até uma propaganda com a comida sumindo do prato do trabalhador foi exibida no horário eleitoral do PT dando mais ilustração a esse argumento dos debates.
Será Marina resistente o suficiente para não desidratar mesmo com todos os esforços de Aécio e Dilma em mantê-la fora do segundo turno? Suponhamos que consiga ser eleita acenando a pautas mais liberais na economia e conservadora nos costumes, seria o suficiente para governar com um Congresso sem maioria?
O receio do eleitorado antipetista é de apostar em Marina e seu governo acabar sendo como uma melancia verde por fora, mas vermelho por dentro. Há também quem não sinta credibilidade nas falas dela contra o pragmatismo da esquerda.
Sem contar que apostar na comoção nacional para escolher o futuro presidente pode levar à incerteza de um consumidor - para seguir a analogia da melancia - que quando compra a fruta na feira não tem como saber se ao abrí-la vai estar doce ou se ela pode, até mesmo, estar estragada.
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