A onda de ações de justiceiros em bairros como Copacabana, no Rio de Janeiro, revela um quadro preocupante de desconfiança na segurança pública. Embora a intenção de coibir assaltos seja compreensível, a recente agressão a um trabalhador negro ambulante, confundido com um suposto criminoso, destaca os perigos dessas práticas autônomas e, ainda mais alarmante, aponta para o estabelecimento de um terreno fértil para a atuação paralela e ilegal de milícias.
Moradores do tradicional bairro carioca adotam postura criminosa ao organizar um grupo de justiçamento para combater a crescente criminalidade. (Imagem: Divulgação/Internet | Edição: Carlos Santana) |
A sensação de insegurança, especialmente em bairros considerados nobres, tem levado alguns cidadãos a adotarem medidas extremas na tentativa de protegerem a si mesmos e à comunidade. No entanto, é crucial questionar se ações individualizadas, muitas vezes movidas por uma justiça própria, são a solução adequada para os problemas complexos da segurança pública.
A agressão a um trabalhador negro ambulante, inocente e confundido com um suposto ladrão, é um trágico exemplo das consequências perigosas dessas ações. Além de ferir um inocente, cria um ambiente em que a justiça é arbitrária, baseada em aparências e estigmatizações, ao invés de ser um sistema regido por leis e princípios fundamentais de equidade.
Essas ações de justiceiros também abrem uma porta perigosa para a consolidação de milícias que atuam de forma paralela e ilegal. Em momentos em que a confiança na segurança pública se dissipa, as comunidades podem ser tentadas a buscar proteção fora das estruturas legais, contribuindo para a criação de grupos armados que, ao invés de servirem à justiça, impõem uma versão distorcida da ordem.
O estabelecimento de milícias cria um ambiente em que a violência é normalizada e as liberdades individuais são comprometidas. Isso é particularmente alarmante, pois esses grupos muitas vezes escapam ao controle e à responsabilidade, agindo em benefício próprio e, por vezes, perpetuando a violência e a corrupção.
Diante desse cenário, é imperativo repensar a abordagem à segurança pública. Ações individuais, por mais bem-intencionadas que possam parecer, não resolvem os problemas subjacentes que levam à criminalidade. É necessário um esforço conjunto para fortalecer as instituições de segurança, promover a transparência e a responsabilidade, e garantir que todos os cidadãos se beneficiem igualmente da proteção legal.
A luta contra a insegurança não deve nos levar a aceitar medidas extremas que comprometam os princípios fundamentais da justiça e abram espaço para a atuação de milícias paralelas. Em vez disso, é hora de reforçar o compromisso com a construção de uma segurança pública eficiente, transparente e justa, capaz de lidar com os desafios complexos da sociedade de maneira equitativa.
Comentários
Postar um comentário