As inundações no Rio Grande do Sul são um lembrete contundente: as mudanças climáticas afetam mais do que apenas vidas, atingindo também setores-chave da economia, como o de seguros. A contabilização exata dos danos pode levar tempo, mas as estimativas preliminares apontam para números alarmantes, com 90% do estado devastado.
Enchentes castigam o RS na maior tragédia climática de sua história. (Imagem: Gustavo Mansur | Edição: Carlos Santana) |
Para contextualizar, as compensações pagas pelas seguradoras ao setor agrícola após a seca de 2022 atingiram quase R$ 9 bilhões, segundo a FenSeg. No entanto, as perdas totais nas lavouras variaram de R$ 18,2 bilhões, segundo a CMN, a R$ 31,7 bilhões, segundo a Farsul.
Agora, com a maioria dos municípios afetados, os custos iniciais para reconstruir a infraestrutura pública básica variam entre R$ 70 bilhões e 90 bilhões, sem incluir escolas, hospitais, residências e vias urbanas. Considerando todos os tipos de seguros, as seguradoras enfrentam um desafio sem precedentes, sendo obrigadas a repensar seus modelos de negócio tradicionais.
Embora os seguros sejam essenciais para lidar com eventos climáticos extremos, o aumento da incerteza e da imprevisibilidade tem levado a um aumento nos prêmios, tornando certas situações inseguráveis.
Nos Estados Unidos, incêndios florestais na Califórnia e furacões na Flórida já estão afetando a venda de seguros residenciais. Os dados históricos já não são indicadores confiáveis para avaliar riscos futuros, deixando as seguradoras apreensivas.
No setor público, a falta de modelos de seguro para infraestrutura agrava a situação, embora haja projetos piloto em parceria com entidades privadas internacionais para oferecer cobertura a bens públicos afetados por tragédias climáticas.
A Susep está monitorando de perto a situação no Rio Grande do Sul e informou que os atendimentos estão normais, mas alguns especialistas preveem uma enxurrada de contestações e exclusões de cobertura nos seguros patrimoniais.
Diante desse cenário, as companhias de seguros e resseguros precisarão de uma dose generosa de criatividade e estratégia para atender às novas demandas tanto do setor privado quanto do público, garantindo assim uma resposta eficaz às crescentes incertezas climáticas.
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