O governo brasileiro, chefiado pelo presidente Luis Inácio Lula da Silva, deveria ter se posicionado imediatamente contra o resultado divulgado pelo Conselho Nacional Eleitoral (CNE) da Venezuela. Somos um país que recentemente correu risco de uma ruptura institucional justamente por causa da desconfiança do ex-presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores. A falta de um posicionamento firme do Brasil frente à situação na Venezuela pode ser vista como uma falha em defender princípios democráticos fundamentais, especialmente em um momento em que a nossa própria democracia foi testada.
A imprensa internacional, ancorada pelo The New York Times e The Washington Post, apurou os boletins de urnas que deram vitória para o candidato da oposição ao regime de Nicolás Maduro. O presidente venezuelano, reeleito para um terceiro mandato, está no poder há 11 anos desde a morte de Hugo Chávez, que deu início à revolução bolivariana. Essa revolução mergulhou a Venezuela em um mar de corrupção e retrocesso aos ganhos sociais. O país, que antes era o mais rico do continente, chegando nos anos 70 a ser o quarto mais rico do mundo, agora enfrenta um êxodo de dezenas e centenas de pessoas que atravessam a fronteira com Pacaraima, no extremo norte do Brasil. Essas pessoas fogem da fome e desemprego, sendo tomadas pela falta de perspectiva e autoritarismo do ditador de Caracas.
A grande parte da comunidade internacional não reconheceu as eleições venezuelanas, considerando-as fraudadas por Maduro. O regime bolivariano agora inicia a perseguição dos opositores. O Ministério Público da Venezuela irá iniciar uma investigação contra os opositores, principalmente Edmundo Gonzales, que se autoproclamou presidente eleito do país e que foi eleito com 67% dos votos.
Existem centenas de pessoas presas, e uma crise vizinha que tem se alastrado da esfera ideológica para a geopolítica, incluindo as eleições municipais do Brasil, dualizando quem está contra ou a favor do regime de Maduro. Este é um momento crítico para o Brasil, que deve tomar uma posição clara e contundente em defesa da democracia e dos direitos humanos. A omissão ou neutralidade em face de um regime autoritário e repressivo pode ser interpretada como conivência e enfraquecer a credibilidade do Brasil como um defensor da justiça e da liberdade.
O governo brasileiro tem a responsabilidade de se posicionar contra as fraudes eleitorais e as perseguições políticas na Venezuela, mostrando solidariedade com o povo venezuelano e reafirmando seu compromisso com os valores democráticos. É imperativo que o Brasil utilize sua influência regional para pressionar por eleições livres e justas, além de buscar soluções humanitárias para os refugiados que chegam ao nosso país. Apenas assim poderemos contribuir para a construção de um futuro mais justo e próspero para toda a América Latina.
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